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Quando a identidade rui

Eu já tinha escrito antes sobre certas inflexões e contradições existentes na nossa militância no Piauí. Mas resumindo, a ausência de uma assistência nacional e a falta de uma política de formação de quadros eficaz fez com que a UJC-PI buscasse resolver seus problemas com as próprias mãos. Com isso, colhemos tantos os frutos dos acertos quanto, principalmente e majoritariamente, dos erros. Aprender com os erros geram inflexões na práxis. Mas, sem a política de formação concretizada, ainda existiam diferentes tipos de práxis na organização cuja atuação parecia concreta apenas na confiança cega de que a pessoa colega camarada seguiria o famoso centralismo democrático. Todes praticavam o centralismo democrático, mas tal qual a centopeia, que sempre caminhou normalmente, começa a tropeçar quando perguntada de como conseguia caminhar com tantos pés, ninguém sabia de fato o que aquela palavra significava. Consigo identificar, em minha opinião, duas alas de interpretação sobre o que era c

Dentre átomos e galáxias

"Olhamos para cima, vemos o gracioso balé dos corpos celestes, rodopiando no espaço em velocidades incríveis, guiando-nos em jornadas imensas, cuja história relata com tanto furor. Olhamos para baixo, e com certa ajuda, observamos o caos de partículas minúsculas a se colidirem ferozmente, mas também, a organizada marcha regular das mesmas, em fila, prontas a iluminar o mundo a nossa volta. Também olhamos ao redor, atentos ao horizonte, vemos pedras lascadas e máquinas famintas por combustíveis, o cair de maçãs em planícies e o levantar de colinas de cimento que arranham os céus. Além do espaço, ainda temos o impiedoso tempo, que ao fluir, deixa conosco arrependimentos, remorsos e lembranças de felicidade. A ciência natural busca entender os comportamentos da natureza, e como dizia o físico Einstein, o mais incompreensível no universo é o fato de ele ser compreensível."
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    Me chamo Ezequiel Carvalho, sou bacharelando em Física - ao tempo em que escrevo esta apresentação -, pesquiso sobre fotodegração e tenho interesse em história da física e áreas da física experimental. 

    A introdução anterior é um trecho de um artigo de minha autoria chamado "Unificando as forças da natureza" publicado na segunda edição da revista "O Futuro: o comunismo é a juventude do mundo", organizada pela União da Juventude Comunista. Nele, pincelei sobre desenvolvimento científico, passando sobre suas condições no Brasil e na América Latina.

    A natureza da natureza é algo tentado a compreensão, e é um dos principais motivos do porquê a área me interessa tanto. Acontece, que dentre átomos e galáxias, existimos. Nós vivemos na natureza, estudamos a natureza, e, ao mesmo tempo, modificamo-as com base em nossos próprios interesses; e na maioria das vezes, o fazemos sem nos questionar que interesses são esses, e a quem eles atendem. Nos acostumamos também a contar a "história da ciência" com bases puramente internas à própria ciência, com progresso, linearidade. Isso reflete no nosso ensino também. A Física é comumente apelidada no ensino médio de "matemática aplicada", e no superior, é o pódio das graduações com mais evasão no Brasil.

    Reflexões como as apresentadas me vem e a mente e percebo que muitos colegas de curso a compartilham. Meu objetivo aqui é retratá-las em alguns textos de opinião, sob um olhar crítico da própria ciência, e de quem a faz: o cientista. Bem vindo(a), ao Átomos&Átomos!

    

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